Vestibular
Toda argumenta passa antes pelo entendimento que cada um de nós tem sobre a Universidade. Confesso que sou inclinado a entender a universidade ao modo clássico: como uma elite intelectual. Isso me leva a optar por critérios de seleção meritocráticos.
Claro que quem entende a Universidade como ferramenta de inclusão social (pensamento este que também possui todo valor), defende outros critérios de seleção adequados aos fins propostos.
No entanto, tratando-se de meritocracia, o vestibular, tal como atualmente, não deixa de ser um desses modos de seleção, mas defeituoso, creio. Ora que tipo mérito tem um estudante ao passar no vestibular? Mérito de memorizar proposições científicas superficiais, senão de lembrar canções e outros métodos que só em último caso são métodos de aprendizagem?
Quem já estudou RH deve lembrar da função de seleção dentro de uma organização. Os editais de vestibular são formas de seleção baseados tão somente no que os teóricos chamam de "conhecimento". Dentro de um contexto de competência organizacional, poderíamos explorar, além do conhecimento, as "atitudes" e "habilidades" do candidato. Cada curso universitário requer estudantes com alguns perfis ou vocações essencialmente específicas.
Do que adianta alguém que sabe desenhar revistas em quadrinho e adora cine-arte estudar na ESAG? Provavelmente ele se destacaria no campo das artes. Mas ele se esforçou no cursinho e se iludiu que teria uma carreira promissora como administrador. Tirou a vaga de um empreendedor e desistiu na terceira fase. Essa parábola bem que poderia ser um exemplo.
Sei que é difícil mensurar habilidades e atitudes e que o vestibular apresenta uma pretensa objetividade segura. Olhemos para as melhores universidades do mundo: nenhum aluno entra sem entrevista e indicações. Por aí vão algumas opiniões minhas.
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