Como a UFSC ainda existe?

Há 3 anos estudo na Universidade Federal de Santa Catarina. Três também foram as greves orquestradas pelos diretores, servidores e, pasmem, professores e estudantes. Esta última está toda "justificada" aqui: http://www.sintufsc.ufsc.br/

Justificada entre aspas, porque se acontece uma greve por ano, alguma coisa está errada. E, em verdade, muitas coisas estão erradas. Um simples exemplo são as paredes do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, onde estudo: os alunos insistem em pintá-las com desenhos e a direção insiste em pintá-las novamente em branco. Comecei em 2004, nem imagino quando começou esse ritual de desperdício. Desta última vez, o caso foi muito mais grave. Não só as paredes externas, como as internas, o chão do Hall, os pilares... tudo pichado! Pichações com mensagens, senão vulgares, defendendo alguns preceitos políticos que nem meu pai, quando universitário, rebelasse em plena ditadura. Se os estudantes são retrógrados, os gestores são piores, porque coniventes ou omissos.

Vejam esta carta que escrevi, após a resposta da Ouvidoria da UFSC:

Respondendo ao seu questionamento sobre a destruição do Patrimonio Público no CFH, a Direção daquele Centro, Profa. Dra. Maria Juracy Filgueiras informa que "O CFH vem discutindo coletiva e democraticamente as diversas formas de expressão política, contemplando o repúdio ao anonimato e a preservação do patrimônio público. Manter a possibilidade do diálogo constante com os estudantes nos parece mais educativo do que medidas punitivas e/ou repressivas".
Cordialmente, Arnaldo Podestá Jr - Ouvidor da UFSC

Concordo, Profa. Juracy, que, tratando-se de jovens ditos responsáveis, diálogo é mais educativo do que punição. É também uma medida mais eficaz para atingir o simples objetivo de que não sejam pichados doravante o patrimônio público.

Eu só gostaria de saber quais são essas maneiras coletivas e democráticas de discussões que vem sendo feitas.
Pergunto não só por estar inconformado com a falta de visibilidade de ações das direções, frente ao estado vigente de nossa Universidade, mas querendo participar das discussões e contribuir da maneira que nos for conveniente.

Se a divulgação das ações foram feitas nos Conselhos onde existe representação discente, eu a considero imprópria. Seria miopia pensar que os Centros Acadêmicos do CFH - estendo a todos da UFSC - estão preocupados em transmitir qualitativamente informações aos estudantes. Não só o Cafil, todos são mal administrados.

Aliás, o descaso com o estudando - que dá sentido a Universidade - está generalizado entre entidades de representação, gestores universitários, servidores "públicos".
Às vezes me pergunto: como pode uma sociedade aceitar que exista uma tal universidade pública desse jeito? E a única resposta é: cegueira. O cidadão comum sabe menos ainda o que se faz dentro de uma universidade, é iludido que o País necessita delas e de acesso gratuito; muitos talvez sonhem que um dia seu filho ou neto estudem nelas. Pra quê?

Desculpe minha certa inconveniência,

Atenciosamente,
Leandro Damasio


Seria tolice desconsiderar a imensa importância da UFSC. Mas, sinceramente, com um orçamento de 322 milhões e 362 mil reais anual (Dado de 2003. Fonte: http://www.senado.gov.br/), é possível fazer muito, mas MUITO, melhor.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A farra da ministra Matilde com o cartão corporativo

A vitória da internet

Nosso fado mortal e Hannah Arendt