Nosso fado mortal e Hannah Arendt

Nos últimos dias tenho e refletido muito sobre a morte. Fui levado a minha autora favorita, Johannah Arendt, na busca por algumas respostas. É de ressaltar o emaranhado conceitual em que ela relaciona morte com a pólis grega.

Quais as origens do conceito de “morte”, segundo Hannah Arendt? Por que, sendo a morte uma condição humana, o ser humano é motivado a exercer sua liberdade? Qual a relação entre a morte e o trabalho, na época moderna da civilização ocidental?

Essas são algumas das questões que, inevitavelmente, serão respondidas ao discorrer sobre o conceito de “morte”. Questões estas que tocam a reflexão que Nietzsche elaborou em O Nascimento da Tragédia. Haja vista que os antigos gregos habitavam um mundo, e este mundo, em que tudo era simplesmente imortal, com a exceção deles próprios, que eram humanos. A mitologia grega é recheada de tentativas de superação dessa condição humana. Todas as possibilidades, no entanto, dependiam da própria cultura humana. Assim foi que Aquiles optou a fama em detrimento da felicidade. Como Aristóteles, que defendia uma ética sempre direcionada à vida feliz, explica essa posição? Aqui se faz presente a maior das aporias do pensamento filosófico: é preciso ser livre para ser feliz, mas o que é a liberdade, posto que somos meramente humanos? Ou, talvez, não poderia ser diferente... somente os humanos podem ser livres? Novamente a tragédia nos perfura o pensamento, porque os deuses eram considerados livres. Como suportar uma vida em que, mesmo livres, somos mortais?

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