As "Duas Caras" da Novela das 8

Está ai uma coisa que a grande massa do povo brasileiro assste: a novela das 8. Consagrados, muitos atores já passaram por esse horário nobre da televisão aberta brasileira. Por certo, algumas vezes, os autores, diretores e afins cumpriram seu papel de cidadania colocando em pauta assuntos necessários serem apresentados e discutidos na sociedade brasileira.
Particularmente não sou muito de assistir novelas, gostava, tenho que admitir, de ver a algum tempo aquelas das 7 que sempre tinham uma temática brincalhona, apesar de nosso presidente nunca ter feito qualquer participação especial, me fazia dar algumas risadas. Porém me detive por alguns instantes na semana passada prestando atenção na atuação da grande atriz Suzana Vieira.
Em certa altura, depois de ter sido vítima de um sequestro relâmpado, e tendo um dos personagens sugerido que ela contratasse segurança privada, sua personagem diz que a segurança é responsabilidade do governo e que ela paga altos impostos para que exista a segurança, e que se algo acontecesse era culpa do governo.
Realmente fiquei intrigado. Me admira um autor do gabarito de Aguinaldo Silva apresentar a cidadania como um simples ato de pagar impostos. E me preocupa, haja vista que essa novela é formadora de opinião de uma boa parte dos nossos desavisados irmãos brasileiros.
Depois desse episódio, e de uma reportagem onde o governador Sérgio Cabral criticava a novela, dispendi meu tempo em assistir alguns episódios.
Fiquei ainda mais admirado. Perplexo até, tamanhas são as contradições expostas. Se critica o governo e se enaltecem as milicias, colocando-as como as salvadoras da comunidade. Coloca-se que a cidadania é simplesmente monetária e que as responsabilidades não são nossas, mas sim dos outros, do governo.
Mas existe um político honesto, judeu como se fez questão de frisar em vários episódios, que faz as vezes de que nem tudo está perdido.
E chegamos a um grande dilema. Podemos criticar nossos meios de comunicação?
Corremos três riscos: Primeiro o de criticar e os aproveitadores da onda chavista residentes no feudo do planalto central se inflamarem e quererem acabar com nossa liberdade de expressão.
Segundo de não criticarmos e deixarmos que ocorra uma liberalização desmedida e totalmente nociva para nossa democracia.
Terceiro, sermos tomados de intolerantes.
Das três prefiro a última. É preferido pecar por fazer do que se arrepender pelo mal irremediável.

Comentários

Leandro Damasio disse…
Muito bem colocada, caro Gil. Além desse teu excelente exemplo, acrescento o modo irresponsável como algumas novelas e programas de alta influência tratam as compras e o consumo desmedido e imprudente.

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