Castro Alves e seus colegas da poesia política no Brasil – Parte 2

Mais uma postagem com Podcast no Democratas Digitais. Você sabe o que é? Se não, dê uma olhada na matéria da Folha aqui!

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Olá, estimados!

Na Semana da Poesia Política no Democratas Digitais comemoramos o dia de nascimento do poeta da liberdade, Castro Alves.

Desta vez, viajaremos à Bahia de Gregório de Matos Guerra, o Boca do Inferno.

Repare que um sujeito lembrado com tal alcunha até nos causa algum espanto. E o porquê do codinome? Não encontraremos, querido leitor, padres e freiras e governantes daquela época para nos informar, mas observemos com cautela sua acidez satírica e octanagem política:

A cada canto um grande conselheiro.
que nos quer governar cabana, e vinha,
não sabem governar sua cozinha,
e podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um freqüentado olheiro,
que a vida do vizinho, e da vizinha
pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
para a levar à Praça, e ao Terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
trazidos pelos pés os homens nobres,
posta nas palmas toda a picardia.

Estupendas usuras nos mercados,
todos, os que não furtam, muito pobres,
e eis aqui a cidade da Bahia.


(Ver também "O que falta nesta cidade")

Se a poesia satírica lhe edificou a genialidade, queira conferir o quão versátil e expressivo ele foi nos assuntos sacros e eróticos(acessar link). Esse soneto "A cada canto um grande conselheiro" não sofre a exceção dos momentos na história, ele é sempre atual. O sujeito que pesquisa, escuta, espreita e aconselha, remete-nos a lógica dos triviais governantes, com os quais nos atingem a deixa, indiretamente: faça o que eu digo, não o que eu faço.

Gregório de Matos Guerra nasceu na Bahia e é considerado o primeiro poeta brasileiro. Naquela época, o que se sabe é que a imprensa era oficialmente proibida. Toda a sua obra disseminou-se em manuscritos. Logo, muitos de seus escritos têm autoria questionada. É lembrado, porém, como poeta pioneiro a elencar a brasilidadee a explorar o meio geográfico e social. Esteve em Coimbra, onde estudou Direito e atuou na profissão. De lá, no entanto, já causava tão somente o necessário para ser obrigado a retornar à Bahia.

Para terminar, ficamos com suas palavras:

“Eu sou aquele, que os passados anos
Cantei na minha lira maldizente
Torpezas do Brasil, vícios e enganos.”

Até mais!

E, por favor, sintam os terabytes da conspiração, porque amanhã a liberdade procrurará a natureza para se refugiar.

Um abraço

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