Em unânimidade, a reunião do Copom na última quarta-feira decidiu elevar a taxa básica de juros em 0,50% ao ano, o dobro do que o mercado e a maioria dos analistas previra.
A elevação na taxa, seguindo a tradição ortodoxa do Bacen, é uma ferramenta de política monetária, que tem o objetivo de enxugar a liquidez do mercado e frear a demanda, já que ela estaria pressionando os preços para cima. Ora, um aumento de 0,50% não traria consequências imediatas sobre o consumo, pois as famílias olhariam se as prestações de suas compras caberiam no seu orçamento, prestações estas que teriam um aumento desprezível. Segundo alguns analistas, a decisão do Copom seria tomada com vistas à inflação de 2009.
Inflação é o aumento generalizado dos preços, segundo os manuais. Mas ela é de composição mais complexa do que isso. Para identificar as causas reais da inflação brasileira, deve-se verificar a estrutura da cadeia produtiva, pois a inflação se manifesta no repasse de preços aos agentes da cadeia. Onde se dá o repasse maior? Qual a causa deste repasse? Até onde o aumento mundial nos preços dos alimentos influi na inflação brasileira? O caso do alimentos, inclusive, deve ser analisado com muita atenção, pois um aumento brusco nos seus preços poderia elevar a inadimplência a níveis inéditos, uma vez que o motor do crescimento tem sido o acesso fácil à crédito obtido pela classe C, justamente a mais sensível ao aumento nos preços da alimentação, provocando danos sérios a varejistas e até à indústria e a bancos e financeiras.
O combate à inflação pode passar também, por modelos microeconômicos. Fico cá na minha irrelevância pensando se este não seria um fator a ser considerado pelos formuladores da política econômica.

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