'Está na hora de trocar de agenda política'
Rodrigo Maia: 'Está na hora de trocar de agenda política'
Marcelo de Moraes
O Estado de S. Paulo
Presidente do DEM, o deputado Rodrigo Maia (RJ) acha que a oposição precisa "trocar de agenda", deixando de lado as discussões na CPI dos Cartões. Para Maia, a CPI já deixou claro que integrantes da Casa Civil montaram irregularmente um dossiê com gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique e não há mais como dissociar essa ação da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "O dossiê está marcado com ferro na testa dela."Apesar disso, ele avalia que a CPI não vai avançar mais e a oposição deve centrar esforços sobre um debate econômico mais profundo. Maia quer direcionar a atenção para a volta da inflação e a tentativa do governo de recriar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), aumentando a carga tributária.
A CPI dos Cartões foi inútil?
O que aconteceu é que, pela experiência adquirida com outros escândalos, o governo acabou indicando para a CPI parlamentares mais dispostos a defendê-lo e com menor capacidade de sofrer pressão da opinião pública para investigar as irregularidades. Só que esses parlamentares se esquecem de que não representam o governo, mas a instituição Congresso. E preferem não economizar esforços na defesa do governo. Assim, a investigação da Polícia Federal acaba avançando mais do que a CPI.
Então não vale mais a pena fazer CPIs para investigar o governo?
O problema é que o sistema que gerou o mensalão é o mesmo que gera esse tipo de distorção e garante a proteção do governo na CPI. É uma base formada para defender e servir ao governo. Com a aprovação da fidelidade partidária esse cenário tende a melhorar.
Existe a avaliação de que a oposição fracassou em responsabilizar Dilma pelo dossiê e o processo a teria ajudado a se tornar mais conhecida, aumentando seu potencial eleitoral. O sr. concorda?
Não. Pesquisas mostram que a maioria das pessoas considera que ela é culpada pela produção do dossiê. Na minha opinião, o aumento do conhecimento da população sobre a ministra ocorreu porque, paralelamente ao escândalo do dossiê, o presidente Lula a tem levado em todos os eventos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Isso tem dado visibilidade à ministra. Mas o dossiê está marcado com ferro na testa dela.
A oposição ainda quer convocar outros servidores da Casa Civil a falar sobre o dossiê na CPI. Vale a pena insistir nisso?
Os parlamentares da oposição têm que continuar lá, tomando as providências que considerem necessárias. Mas acho que está na hora de a oposição trocar de agenda política.
Qual seria a nova agenda?
Passamos a ter uma agenda prioritária em torno da retomada da inflação e da tentativa do governo de aumentar a carga tributária de novo, com a reapresentação da CPMF, numa manobra que considero inconstitucional. A discussão que importa neste momento é a seguinte: nos últimos 12 meses, a cesta básica subiu 30%. Isso é muito grave. E afeta todo mundo. Incluindo as pessoas mais pobres que recebem o Bolsa-Família do governo. Por causa da inflação, o Bolsa-Família já não tem o mesmo valor de seis meses atrás.
A tentativa do governo de recriar a CPMF é a chance de a oposição recuperar seu espaço?
Para ver como a política é volátil. Na semana do depoimento da ministra Dilma Rousseff, a oposição ficou tonta. Agora, com a volta da inflação, da tentativa de aumento da carga tributária e dessa proposta errada de criação de Fundo Soberano surge a oportunidade real de a oposição ter uma nova agenda consistente.
Marcelo de Moraes
O Estado de S. Paulo
Presidente do DEM, o deputado Rodrigo Maia (RJ) acha que a oposição precisa "trocar de agenda", deixando de lado as discussões na CPI dos Cartões. Para Maia, a CPI já deixou claro que integrantes da Casa Civil montaram irregularmente um dossiê com gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique e não há mais como dissociar essa ação da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "O dossiê está marcado com ferro na testa dela."Apesar disso, ele avalia que a CPI não vai avançar mais e a oposição deve centrar esforços sobre um debate econômico mais profundo. Maia quer direcionar a atenção para a volta da inflação e a tentativa do governo de recriar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), aumentando a carga tributária.
A CPI dos Cartões foi inútil?
O que aconteceu é que, pela experiência adquirida com outros escândalos, o governo acabou indicando para a CPI parlamentares mais dispostos a defendê-lo e com menor capacidade de sofrer pressão da opinião pública para investigar as irregularidades. Só que esses parlamentares se esquecem de que não representam o governo, mas a instituição Congresso. E preferem não economizar esforços na defesa do governo. Assim, a investigação da Polícia Federal acaba avançando mais do que a CPI.
Então não vale mais a pena fazer CPIs para investigar o governo?
O problema é que o sistema que gerou o mensalão é o mesmo que gera esse tipo de distorção e garante a proteção do governo na CPI. É uma base formada para defender e servir ao governo. Com a aprovação da fidelidade partidária esse cenário tende a melhorar.
Existe a avaliação de que a oposição fracassou em responsabilizar Dilma pelo dossiê e o processo a teria ajudado a se tornar mais conhecida, aumentando seu potencial eleitoral. O sr. concorda?
Não. Pesquisas mostram que a maioria das pessoas considera que ela é culpada pela produção do dossiê. Na minha opinião, o aumento do conhecimento da população sobre a ministra ocorreu porque, paralelamente ao escândalo do dossiê, o presidente Lula a tem levado em todos os eventos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Isso tem dado visibilidade à ministra. Mas o dossiê está marcado com ferro na testa dela.
A oposição ainda quer convocar outros servidores da Casa Civil a falar sobre o dossiê na CPI. Vale a pena insistir nisso?
Os parlamentares da oposição têm que continuar lá, tomando as providências que considerem necessárias. Mas acho que está na hora de a oposição trocar de agenda política.
Qual seria a nova agenda?
Passamos a ter uma agenda prioritária em torno da retomada da inflação e da tentativa do governo de aumentar a carga tributária de novo, com a reapresentação da CPMF, numa manobra que considero inconstitucional. A discussão que importa neste momento é a seguinte: nos últimos 12 meses, a cesta básica subiu 30%. Isso é muito grave. E afeta todo mundo. Incluindo as pessoas mais pobres que recebem o Bolsa-Família do governo. Por causa da inflação, o Bolsa-Família já não tem o mesmo valor de seis meses atrás.
A tentativa do governo de recriar a CPMF é a chance de a oposição recuperar seu espaço?
Para ver como a política é volátil. Na semana do depoimento da ministra Dilma Rousseff, a oposição ficou tonta. Agora, com a volta da inflação, da tentativa de aumento da carga tributária e dessa proposta errada de criação de Fundo Soberano surge a oportunidade real de a oposição ter uma nova agenda consistente.
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