Podemos refletir um pouco sobre educação básica, um debate inevitável.

As duas funções clássicas da educação são:

1) auxiliar o indivíduo para compreender-se a si mesmo, ao mundo interior e exterior.
2) prepará-lo para o mercado de trabalho. (isso sempre existiu, mesmo antes do capitalismo).

Essas metas não são contraditórias, embora possuam metodologias próprias.

No primeiro caso, o objetivo seria proporcionar aos alunos interpretações sobre a cultura, arte, cidadania, ciências. De um ponto de vista mais contemplativo e significativo.

A educação de formação deveria ser próxima do mercado, do contexto econômico. Ele teria de ser mais útil do que teórica.

Não pensem que o ensino básico brasileiro falha só naquele primeiro tipo de educação! Nossos educadores conhecem muito pouco sobre epistemologica de educação para a ação. Isso se deve, antes de tudo, aos currículos normativos, a separação entre pesquisa e ação - obscurecendo, nas palavras de Donald Schon, a "reflexão-na-ação" (os pedagogos me corrijam se errado).

Representa um fracasso no ensino básico brasileiro? Apesar dos mais nostálgicos lembrarem que antigamente se ensina Grego e Latim nas escolas - o que, evidentemente fornecia capacidade literária e racional aos alunos -; apesar disso e de outros fatores, a educação básica já foi pior. Nem tanto por méritos governamentais, mas pelo próprio desenrolar da sociedade. Por exemplo, os índices de analfabetismo continuam caindo - apesar de ainda inadmissíveis em País como o nosso.

Isso não nos livra, portanto, da crise da educação básica. Requer ação do Estado. Que ação?

O núcleo da educação básica é:

1) Gestão Escolar
2) Docência
3 Estrutura Física

A gestão escolar é um assunto técnico. Nem precisa comentar a situação brasileira...
A docência é um dos pontos mais delicados. Preparar bons professores exige muito tempo. O Estado precisa agir estrategicamente, pensando a médio e longo prazo. Expandir vagas para as licenciaturas. E em vez disso, agora nas 3 esferas (o caso da Universidade de São José), os governos continuam a abrir cursos de administração, direito, engenharias. Nada contra, muito pelo contrário, eu estudo num deles, mas são medidas ou populistas ou erradas.

Mas o problema é ainda um pouco mais embaixo. Veja-se a qualidade dos cursos de licenciatura nas universidades públicas. No caso do curso de Geografia, da UFSC, me parece alguns alunos ser menos preparado para dar aulas do que a lutar na guerrilha do Araguaia.

O problema da estrutura é fundamental, mas sua solução é secundária. Ela afeta o rendimento escolar, claro. Mas, na verdade, é uma questão a ser resolvida pela gestão da escola. Eis o início de uma reflexão mais ampla. Pretendo postar mais sobre gestão & educação.

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