Um dos S do Sistema e a Administração Pública
O indiscutível valor do Senai
O CAPITAL mais precioso para o desenvolvimento de qualquer atividade produtiva é o talento dos seus protagonistas. Nos dias de hoje, isso foi potencializado pela impressionante velocidade das inovações nas tecnologias e nos métodos de produção. Os países precisam de profissionais bem formados e capazes de acompanhar as mudanças. Isso equivale a dizer que os preparadores dos novos talentos têm um papel estratégico.
Nesse contexto, preocupam-me os indícios de um certo intervencionismo estatal no trabalho do Senai. Leio na imprensa que o governo federal cogita formar um fundo com os recursos daquela entidade, passando para o poder público e um conselho tripartite a definição de prioridades, de currículos e de quem deve ser capacitado. Mais um fundo? Mais um conselho?
Vejo riscos nessa estratégia. As burocracias governamentais não conhecem as tecnologias e as necessidades dos sistemas de produção, que mudam a cada dia. Isso não é crítica, mas apenas o reconhecimento de que esse acompanhamento não faz parte do dia-a-dia da administração pública. Nesse campo, a participação direta de quem usa as tecnologias e contrata os profissionais é fundamental.
Nos meus 60 anos de trabalho, tive um excelente relacionamento com o Senai. Em um país de tantas deficiências educacionais, o Senai deu uma colaboração decisiva para a formação do parque industrial brasileiro -um dos mais ricos patrimônios da nação. É entusiasmante também ver o desempenho dos seus alunos nas competições internacionais, onde sempre conquistam os primeiros lugares.
O segredo do sucesso do Senai está no fato de a entidade ter autonomia e ser orientada pelos que sabem o que precisa ser ensinado e quais os requisitos para um bom aproveitamento.
A cogitada idéia de substituir essa autonomia por um fundo público e um conselho desconhecido é preocupante. O uso de mecanismos burocráticos para decidir o que ensinar chega a dar arrepios. E a proposta de afastar o Senai da sua missão central, que é a de formar talentos industriais, é um desatino.
O presidente Lula -como ex-aluno do Senai- conhece bem a necessidade de uma preparação bem ajustada ao mundo do trabalho. Isso é fundamental para os produtores e para os trabalhadores. Com a vivência de operário industrial especializado e administrador de uma das maiores nações do mundo, ele saberá instigar a correção de eventuais problemas, preservando, porém, a comprovada eficiência da entidade em mais de meio século de existência.
texto de ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES (extraído da Folha de São Paulo 04/05/08)
Nesse contexto, preocupam-me os indícios de um certo intervencionismo estatal no trabalho do Senai. Leio na imprensa que o governo federal cogita formar um fundo com os recursos daquela entidade, passando para o poder público e um conselho tripartite a definição de prioridades, de currículos e de quem deve ser capacitado. Mais um fundo? Mais um conselho?
Vejo riscos nessa estratégia. As burocracias governamentais não conhecem as tecnologias e as necessidades dos sistemas de produção, que mudam a cada dia. Isso não é crítica, mas apenas o reconhecimento de que esse acompanhamento não faz parte do dia-a-dia da administração pública. Nesse campo, a participação direta de quem usa as tecnologias e contrata os profissionais é fundamental.
Nos meus 60 anos de trabalho, tive um excelente relacionamento com o Senai. Em um país de tantas deficiências educacionais, o Senai deu uma colaboração decisiva para a formação do parque industrial brasileiro -um dos mais ricos patrimônios da nação. É entusiasmante também ver o desempenho dos seus alunos nas competições internacionais, onde sempre conquistam os primeiros lugares.
O segredo do sucesso do Senai está no fato de a entidade ter autonomia e ser orientada pelos que sabem o que precisa ser ensinado e quais os requisitos para um bom aproveitamento.
A cogitada idéia de substituir essa autonomia por um fundo público e um conselho desconhecido é preocupante. O uso de mecanismos burocráticos para decidir o que ensinar chega a dar arrepios. E a proposta de afastar o Senai da sua missão central, que é a de formar talentos industriais, é um desatino.
O presidente Lula -como ex-aluno do Senai- conhece bem a necessidade de uma preparação bem ajustada ao mundo do trabalho. Isso é fundamental para os produtores e para os trabalhadores. Com a vivência de operário industrial especializado e administrador de uma das maiores nações do mundo, ele saberá instigar a correção de eventuais problemas, preservando, porém, a comprovada eficiência da entidade em mais de meio século de existência.
texto de ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES (extraído da Folha de São Paulo 04/05/08)
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