Carta de uma nova juventude política

Carta de uma nova juventude política

“Poucos são os momentos que podem transformar o futuro de uma nação”

Em geral, os partidos brasileiros costumam restringir-se ao senso comum. Apressam-se em levantar bandeiras como a da educação, do emprego, do meio ambiente. Mas, dificilmente, trazem estratégias definidas sobre o modo de trilhar esses caminhos. Um partido que pretende ser diferente precisa ultrapassar essa visão simplificada de proposta política. Nosso partido precisa desenvolver metodologias inovadoras de comunicação com vistas ao aprimoramento das formas de participação social. E isso não depende de sermos governo ou oposição, depende de sermos uma instância representativa. Somos um partido político! Por isso, carregamos a missão de tornar mais claro e amplo o conceito de Democracia, abrindo as possibilidades para a participação e acesso à informação: transparência é o pressuposto. A Democracia está intimamente ligada à cidadania. E a nossa proposta, traz um conceito ativo; e não passivo. O cidadão não é aquele que apenas possui direitos, mas aquele que age, que influencia na história de sua comunidade, de sua cidade, de seu país. Cidadão é empreendedor social, é pró-ativo e não reativo, é guardião da justiça. Algumas definições:

Que Estado Propomos ?

Um Estado forte. Não nos cabe dizer se grande ou pequeno. O Estado tem de ter o tamanho necessário. E cada momento da história traz as suas diferentes necessidades. O Estado deve ser o contraponto para o equilíbrio democrático; deve servir e moldar-se às necessidades da sociedade e deve fazer com excelência aquilo a que se propõe. Queremos um Estado articulador das redes sociais e facilitador do exercício da liberdade e cidadania. A parte liberal deve ser entendida não como a exclusão do Estado dos seus deveres, mas sim como a chamada da sociedade civil e iniciativa privada para participarem da solução dos problemas que atacam a nação, de modo a solidificar ainda mais a democracia.

Que cidadão faria parte ?

Um cidadão que busca o auto-desenvolvimento, que é livre e capaz de refletir sobre o mundo ao seu redor. Em nosso ideal, o cidadão deixa de ser um recebedor de políticas públicas para ser um agente político, um empreendedor social preocupado com as questões da sua comunidade e consciente do contexto maior em que ela está inserida. A interdependência é um pressuposto da vida moderna. Pertencemos a fios diferentes, mas estamos todos na mesma teia. Portanto as nossas atitudes refletem para além do nosso próprio fio.

Que partido queremos ?

Um partido com propostas claras, mas respeitador. Um partido forte, que se coloque no centro das discussões públicas, um fomentador da participação cívica. Um partido com novo referencial teórico e prático. Um partido que não seja apenas máquina eleitoral, mas que funcione como uma base intelectual da sociedade, com atividade comunitária e aberto ao novo. Que não busque a tomada do poder a qualquer preço, mas que construa com a sociedade uma visão de futuro e laços de confiança. Que seja exemplo de correção e probidade e que ofereça suporte aos seus filiados enquanto administradores públicos, principalmente na área técnica.

Que relação entre partido x sociedade propomos ?

Uma relação próxima e de interdependência. A proximidade deve ser fomentada através da credibilidade das ações partidárias, demonstrando a importância de fazer parte da vida política, não necessariamente partidária. O partido deve fomentar espaços de discussões públicas, objetivando fazer com que o cidadão se torne um real agente do bem público.

Que relação com o meio ambiente propomos ?

Guiar todo planejamento territorial pela perspectiva do Desenvolvimento Sustentável. Chegamos a um momento histórico em que a priorização das políticas públicas para o meio ambiente já não é uma opção, é o único caminho. A sustentabilidade há de ser uma temática transversal em todas as áreas. Já é tempo de abandonarmos a visão do desenvolvimento a qualquer preço, pois sabemos que nossa capacidade de pagamento está restrita. O meio ambiente deve predominar sobre os interesses econômicos. A história já nos trouxe provas suficientes de que a prevalência do econômico sobre o ambiental pode trazer danos irreversíveis.

Que política econômica propomos?

É fundamental que o Estado estimule a produção de bens e serviços que envolvam conhecimento e tecnologia ao invés de especulação. Para isso, é preciso que se dê continuidade ao processo de estabilização monetária com autonomia do Banco Central, queda maior das taxas de juros e uma revolução no processo educacional. Defendemos a desconcentração da arrecadação tributária no governo federal a fim de dar maior autonomia financeira aos Estados e municípios, que assumem cada vez mais responsabilidades. A palavra de ordem é desenvolvimento regional sustentável. Não se pode vislumbrar uma democracia onde 65% dos recursos estão centralizados em uma esfera distante do cidadão. Na questão tributária, simplificar e diminuir os impostos para que todos paguem menos. Promover a justiça fiscal buscando a melhor distribuição de renda e alocação de recursos públicos. Quanto mais organizada e eficiente for a Administração Pública, menos recursos precisará para fazer o que é necessário.

Que política social propomos ?

Existem pais que desejam que os filhos se tornem dependentes deles por toda uma vida e outros que desejam que os filhos cresçam, se desenvolvam e caminhem com as próprias pernas. A segunda opção é a única alternativa para o fortalecimento da democracia e desenvolvimento de uma nação. Para isso, o Estado deve ir muito além do “dar o peixe”, precisa ensinar a pescar e encher o rio de pescados. Precisamos, como sujeitos de nossa própria história, adotar uma nova postura. Algo que nos dignifique e nos devolva o que temos de mais sagrado: nossa capacidade de superação e evolução. A palavra “povo” deve ser substituída pela palavra “cidadão”. O povo recebe do governo e é vítima do processo, o cidadão conquista seus direitos, cumpre seus deveres e é protagonista da vida comunitária.

Que relação partido x governo (situação e ou oposição) propomos ?

Uma relação que respeita as instituições democráticas e os demais partidos políticos. Pois, uma oposição que prejudica a governabilidade é irresponsável. Um governo que se apropria da máquina pública para proveito próprio é patrimonialista. O partido deve agir para ter a máxima eficiência em sua ações e inibir qualquer ato de corrupção, trabalhando para ser referência de probidade e buscando resgatar a credibilidade junto à sociedade. Sendo oposição o partido deve se portar como forte fiscalizador e agente propositivo. Não basta apontar falhas e divulgá-las, é preciso propor as mudanças necessárias.

Que Gestão Pública propomos ?

As reformas gerenciais emergentes da década de 90 foram importações irrefletidas de modelos estrangeiros e não levam em conta a construção da relação de confiança e colaboração entre os cidadãos. A qualidade, na prestação dos serviços públicos, deve ser avaliada pela eficiência, efetividade e pela cidadania, pensando estrategicamente e agindo democraticamente. Para isso, é necessário investir como nunca na capacitação e em uma nova relação entre o Estado e os servidores públicos, onde o mérito e a missão de servir devem ser as linhas mestras de conduta.
Implantar gradativamente o novo serviço público em todas as esferas governamentais e abandonar as discussões estéreis entre privatização x estatização, já que é necessário avaliar individualmente a especificidade do serviço público e o seu papel estratégico em cada contexto. É fundamental que as agências reguladoras sejam independentes e não sirvam aos interesses de governos ou corporações.

Que juventude partidária queremos ?

Não faria sentido um novo partido continuar apenas com os velhos militantes. O novo precisa tomar seu espaço e a juventude deve se concentrar em quatro atuações claras:

1)Estudar e discutir as propostas políticas do partido;

2) Atuar na defesa dessas propostas;

3) Engajar-se em movimentos e projetos comunitários;

4) Fomentar a discussão e o planejamento de políticas públicas de longo prazo, antecipando-se às necessidades vindouras.

Que movimento estudantil participamos ?

Há trinta anos havia um consenso nas pautas estudantis: a luta pela liberdade política. Passada a redemocratização, o movimento estudantil ficou perdido no tempo e no espaço. A realidade mudou, mas o discurso continuou o mesmo. É hora de deixar a nostalgia de lado e reconhecer que a realidade pede novas posturas. Os consensos são outros: o combate à corrupção, a busca por transparência nos processos administrativos, a reforma na gestão da educação brasileira, etc. Defendemos um movimento estudantil de espírito empreendedor, um parceiro do poder público, da sociedade civil e até da iniciativa privada na busca de soluções para os nossos problemas. Também podemos exercer o papel de fiscalizadores, temos força para isso. Mas não podemos esquecer que a figura do controlador exige pragmatismo e clareza sobre aquilo que é possível. Exigir a qualquer custo, não significa fiscalizar e, sim, fazer oposição irresponsável. O movimento deve se afastar das questões partidárias, mas continuar como agente político de mudança.

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