O jovem faz a diferença

O jovem faz a diferença (1)
Nos últimos anos, sempre que fui chamado para formar equipes de campanha, tive a preocupação de “investir” no eleitorado jovem, mesmo quando o candidato já estava na faixa do que se convenciona chamar, de “velho”. O difícil é convencer o “velho”, que o eleitorado da sua faixa etária, pouco ou quase nada influencia na decisão do voto de gerações mais novas. Hoje é mais fácil o netinho de 16 anos convencer o avô a votar num determinado candidato do que o contrário. Acreditar que o “chefe de família” continua dizendo para a mulher e filhos em quem deve se votar é um erro infantil, mas ainda ocorre em certas cabeças que insistem em fazer campanha com metodologia de 30, 40, 50 anos atrás. Pelo que tenho notado, em algumas equipes que já estão sendo montadas para “fazer” a campanha de alguns candidatos ao legislativo, irão dar-com-os-burros-na-água, requentando metodologia de quatro anos atrás.

O jovem faz a diferença (2)
Pensar em campanha política com figurino usado há quatro anos, é quase como querer enviar panfleto e santinho via fax. As novas ferramentas de comunicação pipocam diariamente e quem leva mais vantagem nesta desvairada corrida, quase unânime, nos trilhos da internet, são justamente os jovens, que têm mais traquejo e paciência para novas descobertas. E, para alcançá-los nesta corrida, é missão para quem tem, sobretudo, visão de futuro. Caso contrário, na hora da apuração dos sufrágios, vai acabar esperando o resultado no velho radinho de pilha. Quer dizer, até para saber que não teve êxito eleitoral, a notícia chegará depois que os adversários já tiverem festejando. Cheguei a estas conclusões nas conversas que mantive esta semana com as pessoas que estarão envolvidas no “Núcleo de Eleições Exxtra”, do novo Portal Exxtra, que estará no ar em dezembro. A Revista Exxtra de novembro trará uma reportagem especial sobre o assunto.

O jovem faz a diferença (3)
As informações oficiais comprovam que o crescimento da internet é o maior de todas as mídias. A tendência é crescente e inevitável. Em julho, o número de usuários cresceu cerca de 10% em relação a junho. De 33 milhões para mais de 36 milhões. Sem contar as lan houses. Com isso, tenho a certeza que a liberação da internet terá consequência de mão dupla: aumentará a participação dos cidadãos nas eleições e ao mesmo tempo estimulará mais usuários no dia a dia da internet. Com esta realidade, o voto do eleitor jovem vai crescer em importância. Eles são quem mais usa internet. Representam mais do que 20% dos eleitores. A internet deve estimular a inclusão do jovem na política. Os jovens são mais atingidos na oferta e redução de emprego. Partidos e candidatos terão que ter propostas específicas para eles.

O jovem faz a diferença (4)
Os adolescentes votaram pela primeira vez na disputa eleitoral em 1989, e estrearam em grande estilo: foram 3,5 milhões de eleitores menores de 18 anos em todo o País. Em Santa Catarina, o postulante ao Governo do Estado, senador Raimundo Colombo (DEM), até o momento, parece ser o único que está atendo a esta realidade. Talvez aí explique a sua ascensão nas pesquisas, tornando-se o principal nome para representar a tríplice aliança, que tem como “adversários”, na coligação, Leonel Pavan (PSDB), Eduardo Moreira e Dário Berger, ambos do PMDB. O que impressiona, neste cenário, é que nas décadas passadas, os movimentos jovens nos partidos, eram majoritariamente impulsionados pelas correntes de esquerda. Hoje, pelo que se vê em Santa Catarina, o DEM, de tendências conservadoras, na sua essência, tomou a dianteira e desempenha um papel memorável. Basta ver as ações já promovidas durante o ano e o suporte que disponibilizam às reuniões de Raimundo Colombo.

O jovem faz a diferença (5)

Mesmo ainda estando “correndo atrás” destas novas ferramentas de comunicação e mudança de metodologia de campanha, estou convencido que para fomentar a participação dos estudantes, principalmente, os candidatos devem estimular a realização de palestras, apresentação teatral, discussão de temas políticos de interesse dos jovens: cotas para minorias no ensino superior e redução da maioridade penal, entre outras questões, de preferência ligadas à realidade de cada região. Em alguns casos já soube que estão demonstrando como utilizar a urna eletrônica, promovendo oficinas de audiovisuais para a produção de conteúdo para blog, oficinas de fotografia, vídeo e redação para a web. Quem não se antenar para esta realidade, tem tudo para ficar em casa ouvindo o velho radinho de pilha e datilografando a história do seu insucesso eleitoral.

O jovem faz a diferença (6)

Ao contrário do engajamento do jovem, na política, em décadas passadas, levados por discursos prontos, muitos deles de outros continentes, a juventude de hoje não é alienada, como muitos políticos pensam. Hoje o jovem tem uma visão estratégica, para defender objetivos concretos, como busca por emprego e contra a violência, por exemplo. Na Constituição Federal de 1988, aconteceram as últimas mudanças, uma delas é a que dá o direito de voto facultativo a todos jovens maiores de 16 e menores de 18 anos. O jovem vem aprendendo que o voto não tem preço, tem conseqüência. A propósito do voto é de ser lembrado o que disse Bertold Brecht, grande pensador e dramaturgo alemão sobre o Analfabeto Político:
“O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.”

Por Ivan Lopes da Silva - Portal Exxtra

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