Cota e Vestibular: inequação

As cotas não existem pelos negros serem pobres, mas por sofrerem com preconceito racial. Então a questão é: existe realmente preconceito racial no Brasil? Eu acho que sim. Mas como melhorar essa situação?

A justifica das cotas para negros no acesso à universidade pública é garantir à longo prazo um cenário onde negros ocupem posições sociais respeitáveis. Isso diminuiria o preconceito.

O que eu acho? É uma hipótese demasiadamente ousada para ser aplicada desse jeito. Pelo fato do vestibular ser um concurso meritocrático, as cotas irrompem um sistema outro: um sistema de mérito, de competição, exige valores próprios. Desse modo, cota no vestibular é contraproducente. Gera, não ameniza, o preconceito racional.

Tendo a concordar, portanto, com Reinaldo Azevedo quando este propõe a queda do vestibular. Cota e Vestibular, eis a inequação desnecessária.

Incoerência

Uma observação: A proposta das cotas é praticamente consenso entre os grupos marxistas, que freqüentemente se digladiam dentro dos órgãos decisores da UFSC. Estes são tão democratas que sempre consideram importante "debater mais" sobre as decisões. Quando o Conselho Univesitário não "debate mais", sempre mais, eles invadem reitoria, picham paredes, manifestam das mais variadas formas. Algum estudante reclamou mais debates sobre as cotas?

Comentários

Gustavo Ramos disse…
Gostei muito do teu artigo, Leandro Damasio, mas descordo quando dizes que existe preconceito racial no Brasil. Não existe preconceito racial porque raça NÃO existe. O que se tem no Brasil é o preconceito social, no caso contra os pobres. No livro do jornalista, Ali Kamel, ele nos mostra uma pesquisa reveladora sobre esse fato. No Brasil apenas 7% da população é realmente de cor negra, o restante é formado por pardos e brancos. Já foi provado geneticamente que raça não existe e sim diferentes tons de pele que não quer dizer que uma cor é mais inteligente do que a outra. Aí muitos esquerdistas irão dizer: tais maluco? Raça não existe e negros só formam 7% da população? Isso é uma armadilha do governo Lula para criar as cotas.
Reparem nesses dados do PNAD - Pesquisa Nacional po Amostra de Domicílios:

Brancos pobres: 34,2%
Negros pobres: 7,1%
Pardos pobres: 58,7%
Negros + pardos pobres: 65,8%

Aí o governo pega o valor negros + pardos e diz que é tudo negro, mas na realidade não é. Mais uma vez o Lula está mentindo e enganando as pessoas dizendo que mais da metade do país é formado por negros.

No Brasil o preconceito contra os pobres. Denominado Classismo.
Leandro Damasio disse…
Tenho um professor que diz algo parecido: "raça é um conceito da biologia, não da política". Quais são os conceitos da política, então? Aqueles falados pela opinião pública. Se as pessoas diferenciam brancos, índios e negros, chamando-os cada qual de sua raça, então isso ganha sua existência. Uma situação semelhante ocorre com os conceitos de "direita" e "esquerda". A fundo eles não existem, mas se as pessoas usam esse vocábulo, então o conceito ganha utilidade de uso. Não depende do que a ciência, a genética, a economia dizem.

Mas tu tocaste em outro ponto crítico para formulação de políticas públicas contra racismo: a dificuldade de criteriar os negros. Eu continuo com a opinião de que a melhor política pública contra o racismo é a de não haver política pública contra racismo, ou seja, radicalizar a igualdade e não seccionar a sociedade.

Existe algo que definitivamente a reserva de cotas não é: armadilha do governo Lula. Porque, como descrevi no post, quem delibera a forma de ingresso à UFSC é o Conselho Universitário, formado por professores, estudantes e funcionários. É importante saber os culpados, o Conselho Universitário é o alvo, não perdê-mo-lo de vista. Vamos fiscalizar as discussões em 2008!
Gustavo Ramos disse…
Mas é a aí que mora o preconceito. A UFSC é preconceituosa quando separa os candidatos entre negros, brancos e índios porque como vimos, negros forma apenas 7% da população.

Mas não quer dizer nada que o conceito de direita e esquerda não existam. Agora discordar de uma pesquisa que diz que raça não existe é demais.

E sobre o culpado ser o Lula, ele é mesmo culpado porque ele assinou um decreto dizendo que até 2010 todas as universidades federais tenham as cotas. Se não é ele o culpado quem mais será?

Eu?
Leandro Damasio disse…
Que decreto de Lula é esse? Isso não existe, é boato.

Eu não quis questionar aquela pesquisa e não vejo nada demais em questioná-la. Ao contrário, acho o mínimo que podemos fazer. A ciência não é absoluta. Se até a matemática e a física, as duas ciências mais sólidas, vivem um momento de revoluções teóricas, quem dirá essa pesquisa, a qual desconhecemos os critérios e pressupostos.
Gustavo Ramos disse…
Por isso que eu digo e repito: leia o livro Não Somos Racistas - Uma Reação Aos que Querem Nos Transformar Numa Nação Bicolor - do Jornalista, Ali Kamel.

Se não foi o Lula então quem foi?

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